10 ações baratas que pagam dividendos acima da Selic de 10,75%

10 ações baratas que pagam dividendos acima da Selic de 10,75%

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Imagem: recep-bg/iStock

Com a Selic no patamar de 10,75%, 16 ações teriam capacidade de entregar um retorno em dividendos (dividend yield) maior do que a taxa básica de juros. Contudo, apenas 10 ações podem ser consideradas baratas, segundo levantamento de Fábio Sobreira, analista da Harami Research, para o UOL Investimentos.

Veja ações baratas que pagam acima da Selic

O critério foi o múltiplo Preço/Lucro (P/L) projetado para 2024. O preço analisado neste múltiplo é o valor da ação negociado na Bolsa em determinado momento, enquanto o lucro é o ganho líquido que cada papel pode proporcionar. O P/L permite identificar quanto o mercado estaria disposto a pagar pelos ganhos de uma empresa. Isso indica quanto a ação vale hoje: se está com um preço maior do que o lucro projetado ou abaixo.

Esse múltiplo foi comparado com o P/L médio dos últimos cinco anos. Se o projetado fosse inferior do que a média histórica, a ação seria considerada barata. Mas se for o oposto – o P/L projetado superando o médio – o papel estaria caro.

Nem todas as ações que pagam acima da Selic entram nesse cálculo. Em relação ao levantamento apresentado por esta coluna na semana passada, foram desconsideradas do cálculo as ações Auren (AURE3), CSN (CSNA3) e Pague Menos (PGMN3) porque apresentaram prejuízo ou lucro por ação zero. Por se tratar da mesma empresa, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) também foram excluídas. Grendene (GRND3) e CSN Mineração (CMIN3) foram consideradas caras.

Saiba quanto essas ações baratas podem pagar

  1. Metal Leve (LEVE3): 29,87%
  2. Petrobras (PETR4): 20,09%
  3. Vulcabras (VULC3): 17,78%
  4. Mitre (MTRE3): 15,98%
  5. Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 15,32%
  6. Bradespar (BRAP4): 14,86%
  7. Copasa (CSMG3): 14,32%
  8. BrasilAgro (AGRO3): 13,52%
  9. Vale (VALE3): 11,38%
  10. Cemig (CMIG4): 11,18%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Usa o retorno por ação projetado para os próximos 12 meses, considerando o valor em Bolsa até 19/3

Dividendos ou Selic?

Receber dividendos acima da Selic pode ser interessante, mas não é o único critério. Segundo Wendell Finotti, CEO e fundador da plataforma Meu Dividendo, o investidor não deve deixar de lado as boas empresas que porventura entreguem um provento inferior a taxa básica de juros. “Diversificar a carteira é a melhor forma de diluir os riscos e obter uma excelente rentabilidade”, diz.

Setores mais perenes se destacam na distribuição constante de dividendos. São eles: energia, grandes bancos, gás e óleo, saneamento e seguros. Essas empresas também costumam oscilar menos na Bolsa, o que ajuda a proteger a carteira, segundo Finotti.

Diferente de um investimento em renda fixa, onde a aplicação da taxa de juros ocorre sobre o montante total investido, nas ações, Finotti destaca que os valores fixos são pagos por ação. “Não interessa se você comprou a ação a R$ 10 ou R$ 20, o valor do dividendo será o mesmo. Nesse sentido, quanto mais ações o investidor ter na carteira, maior será o volume de proventos”, comenta.

Se você não irá usar o dinheiro, o ideal é reinvestir e comprar novas ações. Isso produz um efeito multiplicador, semelhante aos juros compostos (juros sobre juros), conhecido como bola de neve nos investimentos.

Vale é “vaca leiteira”

Vale é uma companhia barata que deve continuar pagando bem aos investidores, dizem especialistas. A ação não está indo bem atualmente por conta de oscilações no preço do minério de ferro e por questões jurídicas relacionadas aos crimes ambientais de Mariana e Brumadinho, que requerem que a empresa provisione parte do seu lucro para esses gastos. Além disso, sofreu com a sucessão do CEO e a desaceleração da China, diz Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

É uma boa opção para o longo prazo. Entre as vantagens, ela opera com um endividamento controlado e geração de fluxo de caixa sólido, diz Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett. “É uma empresa que tem bons gatilhos para o longo prazo, paga dividendos recorrentemente e gera muito caixa”, avalia Gabriel Duarte, analista da Ticker Research. Para o analista, a Vale ainda é uma “vaca leiteira” dos dividendos ideal para qualquer carteira. Biz também cita as vantagens competitivas com o níquel e cobre, que devem ganhar relevância com a eletrificação de veículos principalmente na China e nos Estados Unidos.

Se o minério de ferro estiver negociando entre US$ 100 e US$ 110 a tonelada, a Vale teria capacidade de distribuir dividendos de entre 10% e 11% nos próximos 12 meses, acredita Paletta. Duarte acredita que ela pague um dividend yield entre 7% e 8% para 2024. Biz projeta um dividend yield entre 8,5% e 9% para VALE3 em 2024.

Petrobras ainda deve entregar bons proventos

Apesar do risco estatal e da possibilidade de não distribuir proventos extraordinários, Duarte ainda acredita que a Petrobras possa entregar um bom retorno aos acionistas. “Petrobras é uma empresa que gera muito caixa e distribui bons proventos. O governo ainda precisa desse recurso para equilibrar as contas fiscais, então devemos ter um incentivo para os dividendos”, afirma Duarte.

Queda das ações pode aumentar o retorno. Duarte espera que a ação PETR4 volte a negociar no patamar de R$ 18 a R$ 20 – atualmente é cotada em cerca de R$ 36. Na visão dele, com uma cotação menor, haveria espaço para retornos com dividendos mais elevados.

Duarte estima um retorno em dividendos de entre 10% e 12% em 2024, apenas com pagamentos regulares. Renato Reis, analista da Blue3 Research, acredita que a Petrobras deva entregar um dividendo elevado de 13% a 14% em 2024, sem pagamentos extraordinários. Mas o analista reforça que se o petróleo brent cair abaixo de US$ 60 e a companhia fizer mais investimentos neste ano, o retorno em dividendos pode recuar. Apesar disso, Reis considera que os dividendos da Petrobras carregam uma volatilidade maior quando comparados com outras empresas da Bolsa.

Copasa é uma empresa perene

A empresa de saneamento Copasa (CSMG3), mesmo sendo uma estatal de Minas Gerais, já chegou a pagar 18,36% de proventos aos seus investidores nos últimos 12 meses. A companhia também tem uma certa frequência nas remunerações, pagando nos meses de maio, agosto e novembro. 

É uma empresa que depende menos das oscilações da economia e com receita constante, diz Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, por estar no setor de serviços públicos e necessidades básicas. Para 2024, Duarte espera que a Copasa entregue um dividend yield de 9% a 10%. Saravalle espera um dividend yield de 8,8% para CSMG3.

Há preço-teto para comprar as ações; veja qual é

Fonte: Fábio Sobreira, Harami Research

Uma ação barata pode significar uma boa oportunidade para começar a investir nessa empresa, ou para comprar ainda mais ações para quem já investe nela. Mas o papel deixa de ser considerado barato ou de pagar acima da Selic a partir de um certo patamar. Sobreira também calculou o preço limite (preço-teto) que o investidor deveria pagar por uma ação para obter um retorno em dividendos (dividend yield) equivalente a taxa de juros atual, de 10,75%. Como o mercado projeta que a Selic deve recuar e fechar o ano no patamar de 9% (Selic terminal), também foi calculado o preço limite a ser pago nas ações para garantir esta rentabilidade.

Como foi feito o cálculo? Sobreira levantou inicialmente qual seria o atual lucro por ação de cada empresa e o crescimento que teve nas suas receitas nos últimos cinco anos. Foi considerado a parcela média do lucro distribuído aos acionistas (payout médio) nos últimos cinco anos. Também foi previsto qual seria o lucro por ação em 2024.

Na Vale (VALE3), por exemplo, o investidor precisaria comprar a ação até o preço de R$ 58,92 para obter um retorno com proventos semelhante a taxa Selic, de 10,75%. Já se ele quiser garantir um dividend yield de 9%, teria que adquirir o papel até o preço de R$ 70,37. Atualmente, as ações da Vale negociam cerca de R$ 61. Por tanto, ainda há espaço para garantir pelo menos um retorno de 9%.

Na empresa de saneamento Copasa (CSMG3), o investidor precisaria pagar até R$ 23,76 para garantir um dividend yield de 10,75%, equivalente a Selic. Para ganhos de pelo menos 9%, seria necessário desembolsar até R$ 28,38 pela ação. Atualmente, a CSMG3 negocia próxima dos R$ 21, ou seja, ainda há espaço para colher retornos atrativos.

Reportagem

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