Sem Petrobras e Vale, acionistas embolsam mais dividendos neste ano

Sem Petrobras e Vale, acionistas embolsam mais dividendos neste ano

As duas companhias geralmente são as maiores pagadoras de dividendos no Brasil, mas o ambiente neste ano está diferente

Essa é uma notícia de propriedade intelectual do Valor Investe 

Os acionistas embolsaram menos dividendos e juros sobre capital próprio de janeiro a agosto deste ano em comparação aos primeiros oito meses do ano passado. Contudo, sem essa parte do lucro distribuída pelas companhias Petrobras e Vale aos acionistas, o montante foi maior em 2023 em relação a 2022. Os dados são de um estudo da fintech Meu Dividendo para o Valor Investe.

O total dessas remunerações pagas aos investidores caiu 22% nesse intervalo, de R$ 195,24 bilhões para R$ 152,74 bilhões. Entretanto, sem Petrobras e Vale, o valor aumentou 7% nesse período, de R$ 95,25 bilhões para R$ 101,78 bilhões.

As duas companhias geralmente são as maiores pagadoras de dividendos no Brasil, mas o ambiente neste ano está diferente. As empresas, juntas, responderam por 51% dos proventos distribuídos em 2022, mas essa fatia diminuiu para 31% dos proventos distribuídos em 2023.

A remuneração paga pela Petrobras recuou 50% nesse intervalo, de R$ 83,11 bilhões para R$ 41,35 bilhões, enquanto os dividendos distribuídos pela Vale caíram 43% nesse intervalo, de R$ 16,88 bilhões para R$ 9,62 bilhões.

“Se a Petrobras e a Vale tivessem mantido os dividendos distribuídos, este ano estaria sendo de recorde de proventos pagos, superando os R$ 195 bilhões distribuídos aos acionistas até agosto”, afirma Wendell Finotti, fundador e presidente da plataforma Meu Dividendo.

A Petrobras registrou a maior baixa de dividendos do mundo no segundo trimestre deste ano em comparação ao mesmo intervalo do ano passado, apontou um levantamento da gestora britânica Janus Henderson, antecipado ao jornal Valor. A queda foi de 65% nesse período, de US$ 9,70 bilhões para US$ 3,40 bilhões, conforme a 39ª edição do Índice Global de Dividendos.

A diferença é explicada pela diminuição no preço do petróleo. A matéria-prima ficou menos atrativa com a desaceleração econômica global, especialmente a desaceleração da China. A Petrobras anunciou uma nova política de dividendos em julho e reajustou os preços dos combustíveis em agosto, e os agentes do mercado voltaram a falar em distribuição de dividendos extraordinários. Já a Vale também sofreu impacto da baixa das cotações do minério de ferro no mercado internacional.

A pesquisa da fintech Meu Dividendo ainda apontou que o montante de empresas distribuidoras de dividendos caiu de 226 de janeiro a agosto do ano passado para 174 no mesmo intervalo deste ano. Além disso, o prazo médio de pagamento aumentou de 54 dias em 2022 para 70 dias em 2023.

O que esperar?

Os dividendos são a parte do lucro das empresas distribuída aos acionistas. Esses proventos são uma renda extra mesmo quando as ações caem, são isentos de Imposto de Renda e estão sendo o foco de cada vez mais brasileiros, interessados em multiplicar o patrimônio reinvestindo a remuneração.

Analistas e gestores de ações afirmam que o cenário não é preocupante, avaliando as companhias com lupa, o começo de cortes da Selic e a expectativa de mudanças tributárias. Boa parte deles está com boas expectativas para a distribuição de dividendos daqui em diante e recomenda o investimento com esse foco para os brasileiros com alvo no longo prazo e dispostos a riscos.

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