O eldorado dos dividendos 

Puxado pelos balanços mais positivos das empresas de capital aberto neste ano, a remuneração paga aos acionistas ganha força e desperta a cobiça de quem busca engordar os dividendos com mais rapidez 

Esta notícia é de propriedade intelectual da IstoÉ Dinheiro 

A maratona de divulgação dos balanços do segundo trimestre deste ano ainda não terminou, mas a disputa já tem um grande favorito à medalha de ouro: dividendos. Com a recuperação do valor das ações de algumas das principais empresas brasileiras listadas na bolsa – embaladas pela conjuntura econômica mais favorável aos negócios -, a remuneração paga aos acionistas também se aqueceu. O número final do segundo trimestre ainda não está fechado, já que nem todos os balanços foram apresentados, mas o ritmo de alta do ciclo de abril a junho deve replicar o que ocorreu no primeiro trimestre. Isso porque, de janeiro a março, as empresas listadas na B3 já vinham com seus dividendos turbinados. Juntas elas pagaram o recorde de R$ 51,4 bilhões em dividendos, 25% superior ao mesmo período em 2022.

Na liderança em volume estão Petrobras e Vale. A Petrobras anunciou quase R$ 15 bilhões em proventos, o que mostra que o ajuste na sua política de distribuição do lucro aos acionistas não foi drasticamente alterada. A Vale também divulgou o pagamento de um montante significativo, R$ 8,3 bilhões. Entre as oito companhias que completam o ranking das dez primeiras, todas com dividendos superiores a R$ 1 bilhão, sete são do mercado financeiro: Bradesco (3º maior pagador), Banco do Brasil Seguros (4º), Santander (5º); Banco do Brasil (6º), Itaú (7º); Itaú Participações (8º) e BTG Pactual (10º). Finaliza o top 10 a Weg (9º). As demais empresas aumentaram o volume de dividendos distribuídos em 16,6% passando de R$ 23,9 bilhões para R$ 27,9 bilhões. 

O levantamento foi feito pela Meu Dividendo, plataforma que permite aos clientes a antecipação de dividendos. Os setores que mais aumentaram a distribuição de proventos em 2023 foram o de seguros (+170%), saneamento (+66%) e consumo cíclico, como frigoríficos e construtoras (+24%). Já o setor financeiro distribuiu o mesmo volume em ambos os anos. Na contrapartida, os setores que mais reduziram a distribuição de proventos em 2023 foram consumo não cíclico (varejo e bens de consumo) (-86%), saúde (-48%), mineração (-40%) e energia (-28%). Segundo o economista Wendell Finotti, CEO da empresa, outro ponto a destacar é a distribuição de proventos na forma de Juro sobre Capital Próprio (JCP), que também tem alcançado valores recordes. No acumulado de janeiro a julho de 2023 o volume é 32% maior que no mesmo período de 2022. 

RISCOS Para Diogo Catão, CEO da Dome Ventures e especialista em investimentos, os dividendos têm se tornado atraentes para os investimentos em empresas brasileiras, mas é preciso avaliar os riscos. Ele afirma que existem características a serem analisadas, como o histórico de dividendos, a capacidade de geração de caixa, o setor de atuação e o ciclo econômico. “Estamos vendo por aí alguns grandes pagadores de dividendos, e tem que analisar se de fato ela vai ter essa capacidade e consistência de aumentar esses dividendos ao longo dos anos”, disse o especialista. “O resultado indica o momento atual, mas é necessário olhar também daqui para frente e ver de forma individual a empresa.” Segundo ele, seguir apenas pelos dividendos pode frustrar o investidor que está mais desavisado. Aquela combinação de risco, momento e retorno que todos os investidores devem pensar antes de tomar decisões.

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