O conteúdo publicado a seguir é de autoria e direito intelectual do portal Monitor Mercantil.
Conversamos com Wendell Finotti, CEO e fundador da plataforma Meu Dividendo, sobre a operação de antecipação de dividendos realizada pela startup.
O que faz a Meu Dividendo e como surgiu o seu conceito?
Eu vou te contar como ela nasceu e você vai entender o que fazemos. Logo após o crack da bolsa no início do Covid (mar/2020), muitas oportunidades apareceram no mercado de ações. Naquele momento, comecei a me interessar muito mais pela bolsa, estudei e enxerguei uma oportunidade de investimento, mas como tudo estava muito inseguro, eu não queria fazer um novo aporte na conta da corretora para comprar essa ação.
Eu vi que tinha dividendos para receber, mas os valores estavam esparramados com vencimentos em 30, 45 e 120 dias, e comecei a me questionar sobre como eu poderia transformar esses valores em dinheiro para reinvesti-los naquele momento. Procurei uma forma de fazer isso, mas não achei. Foi quando percebi que havia uma oportunidade de negócio. Arrumei um sócio e fomos atrás de uma assessoria jurídica para vermos se esse direito poderia ser antecipado. Como tivemos uma resposta positiva, começamos a estruturar a plataforma.
Junto com a antecipação de dividendos, também queríamos oferecer aos nossos clientes um serviço gratuito de gestão de dividendos. Isso porque muitos investidores têm contas em mais de uma corretora, seja por estratégia, seja por necessidade. O problema é que para administrar os dividendos das suas ações, ele tem que entrar na conta de cada corretora para ver o que tem e quando vai vencer.
Nós oferecemos isso de forma centralizada, pois olhamos o CPF do investidor, e não a corretora. Como somos conectados com a B3, e isso foi uma das coisas que nos permitiu desenvolver a plataforma, acessamos as informações do CPF do investidor, trazendo de forma concatenada todos os dividendos de todas as corretoras com as quais ele trabalha.
Assim, nós prestamos o serviço de gestão e administração de dividendos e também oferecemos a antecipação de dividendos para que o investidor tenha a opção de reinvesti-lo ou usá-lo da melhor forma que quiser, podendo pagar uma despesa extraordinária sem ter que baixar uma aplicação financeira.
Como funciona a operação da Meu Dividendo?
A operação é muito simples. Entre a baixa do aplicativo e a contratação da operação, você gasta cinco minutos. Dentro do aplicativo, a pessoa se conecta a sua conta na B3, dando acesso às suas informações que serão organizadas no formato de um extrato. Com isso, a pessoa poderá fazer a seleção dos dividendos que quer antecipar. Feita a seleção, nós informamos o valor líquido que será recebido na sua conta. A antecipação é formalizada com a assinatura digital do contrato. Se a antecipação for feita até às 15hs, o pagamento é feito no mesmo dia.
Nós não fazemos análise de crédito. A operação já nasce para ser paga. Posteriormente, o boleto de pagamento da operação vencerá na data de pagamento do dividendo que foi antecipado.
Caso o boleto não seja pago, como a inadimplência é administrada?
No modelo inicial, idealizamos que apresentaríamos o contrato de antecipação na B3 para recebermos no lugar do investidor. Ocorre que a B3 não é a responsável por fazer esse repasse, mas sim a corretora. Para que conseguíssemos fazer isso, teríamos que fechar parcerias com todas as corretoras.
Assim, debatemos esse assunto e concluímos que trataríamos com clientes extremamente qualificados, triple A, organizados, que possuem aplicações de longo prazo e que são suscetíveis a qualquer tipo de negativação. Para que tenhamos uma referência, especuladores, daytraders, não recebem dividendos. Nosso público são investidores que compraram ações e que estão guardando dinheiro para objetivos futuros, como comprar um bem ou ter uma carteira de dividendos que supra suas necessidades mensais na aposentadoria. Além disso, temos uma operação extremamente pulverizada, com um ticket médio que não vai passar de R$ 5 mil.
Agora, sempre que uma operação é contratada, é assinado um contrato e uma nota promissória, que são títulos executivos. Se o pagamento não for feito, o contratante pode ser negativado e executado extrajudicialmente ou judicialmente. No nosso plano de negócio, estimamos uma inadimplência de menos de 5%.
Como foi a receptividade da B3 quando vocês bateram na sua porta com essa ideia?
Muito boa. A B3 viu que era algo disruptivo e nos ajudou muito no processo de homologação do produto. Antes de termos acesso às informações reais dos investidores, passamos por um ambiente de homologação da B3 com testes não reais. A B3 foi extremamente parceira.
Como tem sido a demanda por esse tipo de operação na Meu Dividendo?
Nós estamos começando a divulgação agora, mas, em pouco mais de um mês, tivemos mais de quinhentos downloads realizados, com as pessoas se conectando à B3 e gerenciando seus dividendos a partir da plataforma. Estamos tendo bons feedbacks e conversando com muitas empresas que querem fazer parcerias conosco para oferecerem os nossos produtos nas suas carteiras.
As corretoras também enxergaram uma boa oportunidade de trabalharem em parceria conosco.Se o investidor tem condições de antecipar os dividendos para fazer um novo investimento, ele vai fazer mais negócios com a corretora, ou seja, o meu produto beneficiará a corretora.
Existem empresas que possuem um histórico muito consolidado de pagamento de dividendos.
Vocês pensam em trabalhar com a antecipação de dividendos que ainda não foram programados na Meu Dividendo?
Neste momento, não, mas na próxima semana vamos lançar um mapa de dividendos justamente com essa informação. Um infográfico com os meses em que cada companhia paga seus dividendos.
O volume de dividendos distribuídos em 2022 passou dos R$ 300 bilhões, sendo que não estou incluindo juros sobre capital próprio e rendimentos de fundos imobiliários. Nós queremos ser muito bons nisso, mas é claro que no futuro existem vários outros planos de negócios correlacionados, que já foram mapeados e estudados. A nossa ideia é trazer mais produtos para os nossos clientes, mas, no primeiro momento, temos um volume muito grande de dividendos que são pagos no mercado e que ainda não são explorados.
Por mais que sejamos focados na pessoa física, nada impede que façamos operações mais estruturadas com fundos que investem em ações e recebem dividendos para reinvestir.